quarta-feira, 2 de março de 2011

O Amor e suas vantagens



Poderíamos casar

Teríamos um apartamento, quem sabe uma casa com jardim e um cão com pêlo brilhante. Tomaríamos café as cinco da tarde. Você reclamaria o fato de eu ligar o chuveiro horas antes de ir para o banho. Eu, por você ter arranhado meu CD favorito. Eu não admitiria o quanto você fica bonito quando bravo e você não diria que lembra da cor do sapato que eu usei quando nos vimos pela primeira vez. Discordaríamos quanto a cor das cortinas. Não arrumaríamos a cama diariamente, beberíamos juntos em algum clube no final de semana. A geladeira seria repleta de congelados e coca-cola, o armário, de porcarias. Adiaríamos o despertador umas trinta e duas vezes só para ficarmos horas na cama enrolando e falando qualquer besteira. Você me ensinaria alguma coisa sobre futebol, e eu te convenceria a assistir aquele filme no cinema. Sentaríamos na sala de pijama e pantufas, você iria direto para o caderno de esportes no jornal e eu comentaria alguma notícia qualquer. Você saberia o nome do meu perfume, eu saberia onde você largou a última edição da revista de música. Sairíamos pra jantar em algum dia de chuva e não nos importaríamos em chegarmos encharcados. Dormiríamos com o computador ligado. Nos beijaríamos no meio de alguma frase. Você pegaria no sono com a mão no meu cabelo e eu, escutando sua respiração. Eu riria sem motivo e você perguntaria porque, eu não responderia. Saberíamos. 

 

Poderíamos casar…








“Penso em você principalmente como minha possibilidade de paz - a única que pintou até agora, “nesta minha vida de retinas fatigadas”. E te espero. E te curto todos os dias. E te gosto. Muito."








Podia falar de quando te vi pela primeira vez, sem jeito.
de repente te vi assim como se não fosse ver nunca mais
e seria bom que eu não tivesse visto nunca mais
porque de repente vi outra vez e outra e outra
e enquanto eu te via nascia um jardim nas minhas faces...







-"A gente se apertou um contra o outro. A gente queria ficar apertado assim porque nos completávamos desse jeito, o corpo de um sendo a metade perdida do corpo do outro. Tão simples, tão clássico.







"Imagine um mundo de coisas limpas e bonitas, onde a gente não seja obrigado a fugir, fingir ou mentir, onde a gente não tenha medo nem se sinta confuso [não haverá a palavra nem a coisa confusão, porque tudo será nítido e claro], onde as pessoas não machuquem umas às outras, onde o que a gente é apareça nos olhos, na expressão do rosto, em todos os movimentos - acrescente a esse mundo os detalhes que você quiser [eu me satisfaço com um rio, macieiras carregadas, alguns plátanos e uma colina] depois convide pessoas azuis para se darem as mãos e fazerem uma grande concentração para concretizar esse mundo - e, então, quando ele estiver pronto, novo e reluzente como se tivesse sido envernizado, então nós nos encontraremos lá e eu não precisarei explicar nada, sem contar estória escura, porque estórias claras estarão acontecendo à nossa volta e nós estaremos sendo aquilo que somos, sem nenhuma dureza, e o que fomos ficou dependurado em algum armário embutido, junto com os sapatos [quem precisará deles para pisar na grama limpa dessa terra?], roupas e enfeites [quem precisará de panos, contas ou cores na terra onde o ar será colorido e enfeitará nossos corpos?] - lá, eu digo, nós nos encontraremos entre centauros, sereias e unicórnios, e sem dizer nada, com um olhar verde (uma das minhas grandes frustrações sempre foi não ter olhos verdes) eu direi o quanto te gosto, e voaremos de tanta boniteza".

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