Jardim do Éden
Quero chorar porque me dá vontade
como choram os meninos do último banco,
porque eu não sou um homem,nem um poeta,
[nem uma folha,
mas sim um pulso ferido que sonda as coisas
[do outro lado.
Quero chorar dizendo meu nome,
rosa,menino e aberto à margem deste largo
para dizer a minha verdade de homem de sangue
matando em mim a burla e a sugestão do vocábulo.
Não,não,eu não pergunto,eu desejo,
voz minha libertada que me lambes as mãos.
No labirinto de biombos é minha nudez que recebe
a lua de castigo e o relógio cinzento.
Assim falava eu.
Assim falava eu quando Saturno deteve os trens
e a bruma e o Sonho e a Morte estavam me buscando.
Estavam me buscando.
ali onde mugem as vacas que têm patinhas de pajem
e ali onde flutua meu corpo entre os equilibrios
[contrários.