Homenagem a Tanussi Cardoso e Homenagem Póstuma a Caio Fernando Abreu

Sexta feira – 25 de fevereiro de 2010  /  ou exatamente 23:24 de Quinta feira - 24 de fevereiro de 2010

Olá pessoal,

Primeiramente gostaria de agradecer a todos os seguidores e não seguidores do blog que postaram suas opiniões através da votação do site,agradeço a todas as notas ali inseridas como também agradeço o numero de visitas constantes no dia-a-dia, fico muito feliz!!

Bem, hoje para mim é uma data especial.

Porque?

Gostaria de dedicar a “postagem” de hoje a uma pessoa que eu admiro muito, um grande escritor poeta, carioca, que transmite sensibilidade e muita afeição em suas escritas, estou falando de Tanussi Cardoso que completa hoje 65 anos, Formado em Jornalismo e Direito. Poeta, crítico, contista e letrista de MPB. Dezenas de prêmios, nacionais e internacionais. Tem 9 livros de poesia editados. Tem poemas publicados na Argentina, Chile, Colômbia, Espanha, EUA, França, Itália, México, Portugal e Uruguai, e traduzidos para o francês, espanhol, italiano e russo. Em 2006, representou o Brasil no Segundo Festival Latino-americano de Poesia, na Cidade do México. Em 2009, participou do Festival Internacional de Poesia da Cidade de Bambamarca, Peru. Em 2010, é convidado para o Festival Internacional de Poesia de La Serena, no Chile. Em 2010, apresenta o livro bilíngue, “Del Aprendizaje del Aire”, na Cidade do México, a convite da Coordenação Nacional de Literatura do Instituto Nacional de Bellas Artes. Pertence ao PEN CLUBE do Brasil, à União Brasileira de Escritores (UBE/RJ), à Associação dos Poetas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro (APPERJ). É Vice-Presidente da Casa do Poeta Peruano, com sede no Brasil, e é o atual Presidente do Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro (SEERJ).

Deixo abaixo alguns poemas(trabalhos) do autor que gosto muito:

Sinal

 
Escorreguei em mim mesmo
e cai.


Sou um acidente.

                   Boca maldita, 1982

Como se não fosse Adeus

A vida se vai como o gelo se desfaz
lento,frio,queimando as mãos
Nem as baratas me comovem mais.
Nem as moscas. Nem os cães.

(Dentro de mim,
a familia é um osso a estalar)


Pergunto se o cego que vê Deus
enxergará.
Debaixo do seu peso insustentável
o amor não responde.

Sonhei ser belo como os italianos
e espantalho,
meu corpo se deteriora com o vento.

O verso e seu silêncio não me salvam.
E por mais que tente
sou menor que minha esperança.


Entretando,não quero escrever sobre paredes.
Paredes não sangram.

Sociologia
"Só quando te conheceres melhor
   estarás no melhor lugar."


O PAI SE CHAMA CULPA.
A MÃE SE CHAMA MÁGOA.
O FILHO AGORA É AUSÊNCIA
TRISTE TRIÂNGULO DO NADA.

                           Viagem em torno de, 2000

Gestos

O que vem de dentro
pudera nunca se exprimir
palavra
O que vem de dentro
é outro
puro silêncio
pudera nunca se exprimir
mundo
O que vem de dentro
é tudo
só se pode exprimir
mudo

                          Viagem em torno de, 2000

Gênesis


Não era a dor que
me doia

        qualquer
Não a dor comum
metafísica

        crua
Era uma dor
mais tamanha
           dura
A do silêncio
            impossível
como gelo na
            África
A dor do silêncio
            matando-o
            silêncio
Impossivel como
a hora ao contrário
Uma dor incabível
                inumerável

Impossível como o
amor eterno
Impossível como a
                serenidade
da carne
Uma dor que
vem como um sopro
e acende florestas
e alimenta vulcões

Substantivos

Faca é faca
pão é pão
fome é fome
amor é amor

Estranho designio das coisas
de serem exatamente elas
quando as olhamos sem paixão

                           Boca maldita,1981

As mortes

quando o primeiro amor morreu
eu disse: morri

quando meu pai se foi
coração descontrolado
eu disse: morri

quando as irmãs mortas
a tia morta
eu disse: morri

depois,a avó do Norte
os amigos da sorte
os primos perdidos
o pequinês,o siamês
morri,morri

estou vivo
a poesia pulsa
a natureza explode
o amor me beija na boca
um Deus insiste que sim

sei não
acho que só vou
morrer
depois de mim

                          Viagem em torno de, 2000

Grande Poeta, desejo a você felicidades nessa data em que completa mais um ano de vida. 

Que venha mais varios anos de vida
repletos de felicidades e que suas obras cresçam a cada dia mais.

Te desejo muita saúde e, acima de tudo, muita paz e amor no coração.
Felicidades!

.

O proximo homenageado do dia é Caio fernando de Abreu que infelizmente não se encontra mais no mundo que vivemos,porém deixou um grande tesouro conosco,suas obras literarias que para mim são um prato cheio de muita sensibilidade e afeição.

Caio Fernando Loureiro de Abreu (Santiago, 12 de setembro de 1948 — Porto Alegre, 25 de fevereiro de 1996) foi um jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro.
Apontado como um dos expoentes de sua geração, a obra de Caio Fernando Abreu, escrita num estilo econômico e bem pessoal, fala de sexo, de medo, de morte e, principalmente, de angustiante solidão. Apresenta uma visão dramática do mundo moderno e é considerado um "fotógrafo da fragmentação contemporânea".

Deixo abaixo algumas partes dos contos (trabalhos) do autor que gosto muito:

(...) Ou poderíamos ser apenas o que somos, duas pessoas com uma ligação estranha, sutilezas e asperezas subentendidas, possibilidades de surpresas boas. Ou não. Difícil saber. Bato minhas asas em retirada. Tu dormes, e nos teus sonhos mais secretos, não posso entrar. Embora queira. À distância, permaneço te contemplando. E me pergunto se, quem sabe um dia, na hora certa, nosso encontro pode acontecer inteiro. Porque tu és a única que habita a minha solidão.

"Trata-se de uma decepção diferente: não penso obsessivamente, não tenho vontade nenhuma de ligar nem de escrever cartas, não tenho ódio nem vontade de chorar. Em compensação também não tenho vontade de mais nada."

"Na minha memória, tão congestionada, e no meu coração, tão cheio de marcas e poços, você ocupa um dos lugares mais bonitos."

"Hora de deixar ir. Alguém precisa mais do que você. Se livrar. Deixar pra trás. Algumas coisas não servem mais. Você sabe. Chega. Porque guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve. Perca de espaço, tempo, paciência e sentimento. Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar."


"Deixa. Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça."

"Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir os nãos que a vida me enfia pela goela a baixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar um café e continuar. "

"Fiquei feliz em poder sentir tua falta, - a falta mostra o quão necessitamos de algo/alguém. É assim o nosso ciclo. Eu te preciso. Perto, longe, tanto faz. Preciso saber que tu está bem, se respira, se comeu ou tomou banho - com o calor que está fazendo neste verão, tome pelo menos uns três ao dia, e pense em mim, estou com calor também. Me faz bem pensar nessas atividades corriqueiras, que supostamente você está fazendo. Ah, e eu estou te esperando, com meu vestido curto, óculos escuros grandes e meu coração pulsando forte, e te abraçar até sentir o mundo girar apenas para nós. É, eu gosto muito de ti."

Esses são alguns versos do autor que aprecio muito, dentre milhares de outros.

Se eu mencionar toda a sua obra aqui não terei o espaço suficiente para demonstrar o que,

no meu ponto de vista, considero advinda de um gênio
Ele permanece entre nós em suas escritas e dentro de cada admirador dele,
ele permanece em nós. É nisso que eu acredito

um gênio chamado  Caio Fernando Abreu.  

Seu legado permanece entre nós.