Primeiros erros / Cinquenta Anos Mais

Se um dia eu pudesse ver

Meu passado inteiro

E fizesse parar de chover

Nos primeiros erros

Meu corpo viraria sol

Minha mente viraria sol

Mas só chove, chove

Chove, chove

By: Capital Inicial

Cinquenta Anos Mais

Lanço meu olhar sobre o infinito

E o pensamento ao céu

Em busca do ser maior

Do senhor da glória

Da perfeição máxima

Do saber supremo

Da essência da misericórdia

Não para pedir ou implorar por algo

Não para suplicar

Nem para blasfemar por coisas desejadas ou

Decepções sofridas, derrotas doídas

Esperanças perdidas

Muito menos pelo sofrimento diário

Causados por escolhas de vida

Muitas, só minhas

Ela mesma, a vida, feita de opções

Nem sempre corretas, nem sempre erradas

Nem sempre felizes ou infelizes

Apenas opções, com suas consequências

Penosas ou felizes, tão necessárias

Agora sei que o aprendizado, vem, pela dor

E com o coração aquecido,

Repleto de amor e reconhecimento

Repasso os caminhos em que me perdi e me encontrei

Das muitas vitórias e derrotas que acumulei

Repasso de memória, cada ponto desta estrada

Na qual ainda caminho

Quando não havia mais esperança

Uma estrela brilhava, forte, iluminando um novo caminho

Quando o precipício estava sob o passo seguinte

Estendia-se uma ponte, segura, por onde continuar minha jornada

Quando havia muitos motivos e as lágrimas teimavam em brotar

De minha face

Um sopro, um alento, um afago as secava transformando-as em sorrisos

Quando não havia amigos e a solidão ameaçava me devorar

Sentia uma presença consoladora, amorosa e sábia

Quando a maldade e a maledicência me tocavam e os falsos

Me rodeavam

Surgia um amigo leal, uma pessoa do bem

Um reconhecimento, um elogio prestimoso

Quando todos os caminhos se fechavam

Sempre surgiam trilhas e atalhos

Quando o que queria não dava certo

Descobria que não era exatamente o que deveria ser

Quando me atiravam pedras

Uma mão poderosa as desviavam, para que não me ferissem

Quando adoecia,

Uma alma boa me acompanhava, caridosa, me cuidava

Quando era atirado aos leões

Alguém os amansava

Quando procurava por respostas

A o tempo as trazia, nas asas de um vento bom

Quando me faltava o pão

Surgia algo para saciar minha fome

Quando minha vida era ameaçada

Mãos poderosas me salvavam

E, ainda agora, me sinto amparado

Protegido, estimado

Agradecido

Ergo e dirijo meus pensamentos

Ao céu, em forma de oração

Ao Senhor dos Exércitos

Ao Supremo poder

Ao Amor Supremo

E nessa oração, agradeço a Vós

Senhor meu Deus

Por tudo, por tanto que me dá

Sem que eu ao menos saiba se mereço

E a todos que me ajudaram,

Ao Senhor, suplico

Que continuem a me acolher

Proteger, abraçar e me amar

Como os amo

Por tantos, cinquenta anos mais.

Por Ronald Ramos

Rio de Janeiro, RJ, em 18 de maio de 2011.